terça-feira, agosto 16, 2011

Guardados

Chega de tanta falha
Chega de tanto erro
Erro negro que não desbota do papel
Folha seca o coração
Folia de dor a canção

Me desespero em não poder ouvir
Em não poder dançar
As pernas me cansam
Os sonhos acordam
O vento sopra o pensamento
E eu... Ah!
E eu não me lembro mais.

Alexandre Ferram
17/09/2002
(inspirado no poema "Os ombros suportam o mundo" Carlos Drumont de Andrade).

domingo, março 20, 2011

CINEMA BISOGNO: A Serpente e O Corvo (2011) - Estréia Marcada

CINEMA BISOGNO: A Serpente e O Corvo (2011) - Estréia Marcada: "SINOPSE: No curto tempo de uma tarde, num encontro, um casal de amigos fala sobre os últimos acontecimentos de suas vidas, seus pensamento..."

domingo, outubro 17, 2010

"Algumas Letras"

Uma das Artistas que mais admiro na cena brasileira. Adriana Calcanhoto!!!Sou fã de carteirinha, acompanho seu trabalho e amo TUDO!!! Talvez seja a cantora e compositora mais perfeita na minha opinião, com seu canto leve e sensível e sua poesia devastadora ela nos toca (a mim principalmente) muito fundo. 
Numa pesquisa atrás  de músicas e de alguns poemas para tentar entendê-la ou me aproximar mais um pouco desta beleza toda, encontrei uma resenha de um de seus livros    "Algumas Letras", e olhem só o que ela diz: 


"Todas as letras selecionadas neste livro foram esboçadas sempre na guitarra, nunca no papel. Só depois de inauguradas como canção, trabalhei cada uma em seus acabamentos como versos: aí experimentei acentos, transferi pesos de uma sílaba para outra, inseri brancos, cantei, deixei decantar, abandonei, retomei, incorporei acasos em profusão. Sempre atrás de rima ou sílaba mais sintética. Ou mais sonora. Ou mais confusa.
Aqui reunidas, as que não rasguei. Sem as suas músicas. Cruas, nuas.
A.C."

Neste livro reúnem-se as palavras de Adriana Calcanhotto, entre poemas cantados e poemas inéditos, para silenciar os ouvidos e escutar uma outra música. 

Livro Algumas Letras - Adriana Calcanhoto - editora Quasi Edições - 2003.

Até.


quinta-feira, outubro 14, 2010

“Cirandei e Encantarei” encanta as crianças no Trianon

O universo das cantigas de roda tomou conta do palco do Teatro Trianon no final da tarde de quarta-feira (13). O Grupo Art e Cia. apresentou o espetáculo “Cirandei e Encantarei”, encantando as crianças que lotaram a plateia do teatro e, também, os pais e professores presentes. O trabalho impecável divertiu a turminha, mostrando brincadeiras de forma lúdica, em um cenário cheio de luzes e cores. Ao final, os atores distribuíram barquinhos de papel para o público.
No palco, os atores Pedro Fagundes, Katiana Rodrigues, Aparecida Alves, Alexandre Ferran, Eliana Carneiro, Rosangela Queiroz e Rita Rangel deram vida a um grupo de crianças que se divertem com brincadeiras do passado, hoje, esquecidas por jogos eletrônicos e pela Internet. Graças à avó das crianças, elas se interessaram pelo mundo das cantigas de roda. O músico Álvaro Manhães fez o acompanhamento musical.


A peça estará em cartaz no Teatro de Bolso Procópio Ferreira nos dias 18, 19, 20 e 21 de Novembro de 2010.
Não Percam!!!

sábado, setembro 11, 2010

Anita Garibaldi vira heroína nos quadrinhos!


Cartunista Custódio lança biografia inédita em quadrinhos sobre Anita Garibaldi.
Após três anos, divididos entre pesquisa, roteiro e desenhos, o cartunista Custódio vai lançar o álbum Anita Garibaldi, o Nascimento de uma Heroína.
O livro, premiado pelo ProAc da Secretaria de Cultura de São Paulo, traz a juventude de Anita Garibaldi, uma brasileira que, além de fazer parte da luta pela liberdade no Brasil, é heroína nacional no Uruguai e na Itália.
Tema de dezenas de obras nos últimos 160 anos, é a primeira vez que a vida da personagem é tratada na linguagem e quadrinhos. A este fato inédito se junta o fato de que a misteriosa infância de Anita, com o ambiente sócio-político da época, nunca ter sido objeto de obra exclusiva.
O Projeto Anita Garibaldi é acompanhado pelo endereço www.anitagaribaldi.com, onde são publicados os avanços do trabalho, as novidades relacionadas ao livro e os apoiadores do projeto.

GATO POR LEBRE NA EXPRESSÃO DRAMÁTICA PARA CRIANÇAS segundo Nuno Meireles

Existe toda uma cultura de engano no que diz respeito à expressão dramática para crianças, às aulas e às suas apresentações públicas que importa abordar:
1.
Uma aula não é um ensaio de uma peça de teatro;
um processo de aprendizagem não é um processo de ensaio de uma peça de teatro;
um processo não se pode confundir com um resultado;
o resultado de aulas está no que modificou quem as fez, e não na construção de uma obra artística;
as obras artísticas são construídas em processos artísticos;
as peças de teatro são construídas por actores e só conseguimos ser actores a partir de certa idade e desenvolvimento;
um aluno de expressão dramática é um aluno de expressão dramática, não um actor;
uma criança aluna de expressão dramática é uma criança aluna de expressão dramática, não um actor, e muito menos um adulto actor.
2.
Uma formação em expressão dramática com crianças não é uma escola de actores pois
- uma criança não maneja (o termo é este e não "entende" ou "compreende") ainda o fazer de algo fantasioso para alguém;
- uma criança está ainda a descobrir o fazer de algo fantasioso para si e para outros que fazem para ela;
- uma criança está na descoberta da sua expressão e dos seus temas, e não ainda na expressão dos outros e dos temas dos outros;
- uma criança não é um actor, é uma criança.
3.
Pensar que uma criança possa fazer, SEM DEVASSA, apresentações públicas como fazem os actores, é enganar-se a si mesmo ou, pior ainda, querer enganar outros.
Pensar que fará bem a uma criança ir para um palco 
representarquando ainda deveria estar numa sala a jogar consigo e com as outras crianças é DEVASSA.
Quando forçamos alguém a uma exposição isso é DEVASSA.
DEVASSA está tão longe de jogar dramaticamente como o prazer está longe da sensação de ridículo.
A auto-pressão das instituições de formação em apresentar resultados sob a forma de espectáculos é um traço paranóide.
O resultado do crescimento é o crescimento. Se não se conseguir ver de fora, recomenda-se que se procure melhor.
4.
No respeitante a apresentações teatrais com crianças temos duas alternativas:
a) fazer-se apresentações e acontecer DEVASSA
b) não fazer apresentação nenhuma e deixar-se a criança fazer o seu jogo dramático*
Sendo que a hipótese a) colide com a b);
sendo que forçar alguém a fazer seja o que for estraga qualquer outra relação pedagógica anterior;
sendo que a única maneira de se forçar alguém a fazer alguma coisa é pela opressão e a opressão é o contrário da liberdade e esta é o objectivo de qualquer formação.
5.
Sendo assim, a única conclusão é esta:
Adultos saudáveis - se quiserem que sejam saudáveis as crianças que são vossas ou estão a vosso cargo
Não aceitem gato por lebre;
Digam não às apresentações, aos saraus, às festas de fim de ano, às pecinhas de teatro da sala, aos 
bambini amestrati, aos meninos bem comportados a fazerem coisas feitas para adultos, por adultos, segundo lógica e fantasia de adultos;
Digam não à desonestidade disto tudo, ao marketing e à ilusão de vermos uma criança fazer coisas que parecem teatro só porque se está num teatro;
Digam não à ideia tola de serem os adultos a dizer a uma criança como deve criar e o que deve criar, quando é ela a melhor especialista nisso;
Digam não a toda a insensibilidade e ignorância do que é sensível e criativo no mundo e atentem nas invenções e brincadeiras das vossas crianças;
Reparem que todo o teatro está na brincadeira das crianças - ali, toda a beleza está ali, toda a fantasia, mesmo à espera - não de ser mostrada a um público- mas de cooperação, de contracena vossa, do vosso estímulo;
Recordem-se que um jogo, uma brincadeira, funcionará sempre enquanto todos brincarem, sejam adultos ou crianças. E é tão fácil um adulto entrar numa brincadeira de criança, basta perguntar o que é isto ou aquilo e aceitar a resposta, qualquer que seja;
Lembrem-se por fim que é infinitamente mais nobre ser aceite numa brincadeira e ajudá-la a crescer do que dez mil apresentações de meninos domados a irem para a esquerda e direita.
* Que é privado, é jogo, não tem nenhuma finalidade senão o prazer de se brincar.
NUNO MEIRELES
Doutorando em Estudos da Criança - Educação Dramática.

sexta-feira, setembro 10, 2010

Uma boa opção para quem curte histórias com toques de humor sutil , drama e de sensibilidade em nota suave. O  Filme The History Boys, do premiado dramaturgo Alan Bennett (As loucuras do Rei George), uma comédia agradável e inteligente sobre oito estudantes turbulentos, mas talentosos, que esperam conseguir entrar em uma das mais prestigiosas universidades da Inglaterra. Nessa busca, eles são ajudados por dois professores, um jovem perspicaz e arrogante e outro, um velho excêntrico e entusiasta, cujas filosofias opostas desafiam os meninos a se confrontarem com o verdadeiro significado da educação e com os valores relativos da felicidade e do sucesso. Adaptado da peça original ganhadora do prêmio Tony e com o elenco original que conquistou o Tony, The History Boys ou Fazendo História traz uma visão sedutora, instigante, travessa e engraçada da história, da busca pelo conhecimento e da total aleatoriedade da vida.  Fala de amizade e de vida, de modo geral: vida essa que se expressa nas descobertas, nas picardias e em todos os sentimentos que compõem o ser humano. Mostra, ainda, o ponto de vista dos professores, seus sentimentos e seus conflitos - na maioria das vezes "mascarados" por posturas impostas pela sociedade e auto-impostas. Uma obra delicada e profunda. Emociona!


Informações Técnicas
Título no Brasil:  Fazendo HistóriaTítulo Original:  The History BoysPaís de Origem:  Reino UnidoGênero:  ComédiaTempo de Duração: 112 minutosAno de Lançamento:  2006Site Oficial:  http://www.thehistoryboysmovie.co.u kEstúdio/Distrib.:  Fox HomeDireção:  Nicholas Hytner

quinta-feira, junho 24, 2010

Ah, a beleza!

Vi ontem uma foto de uma amiga muito bonita de anos atrás quando faziam no teatro "Cenas de amor", uma peça que continha textos de Nelson Rodrigues, Arnaldo Jabor, Jean Genet, Fernando Arrabal , Clarice entre outros, além de uma direção e um elenco maravilhoso. Tão linda, a fotografia que percebemos o cuidado e o apreço  dispensado para imortalizar uma cena tão bonita e talvez uma das melhores realizadas que os palcos campistas já viram. Fiquei muito inspirado e orgulhoso quando para contemplar minha alegria me deparo com um texto do Paulo Sacaldassy, um dramaturgo e poeta de que gosto muito. Aqui vai:

"A arte de expor o corpo nu"
http://oficinadeteatro.com/conteudotextos-pecas-etc/colunas/2-coluna-de-paulo-sacaldassy/345-a-arte-de-expor-o-corpo-nu

Até!
A.Ferram
" O Ator deve trabalhar a vida inteira, cultivar seu espírito, treinar sistematicamente seus dons,
desenvolver seu caráter;
Jamais deverá se desesperar e nunca renunciar a este objetivo primordial: Amar sua arte com todas as forças e amá-la sem egoísmo"

Constantin Stanislavski

terça-feira, maio 18, 2010

Antônio Frederico.

Estou a poucas léguas de Curralinho, cidade que um dia virá a ser chamada Castro Alves. Mais precisamente: estou na comarca de Cachoeira, na freguesia de S. Pedro de Muritiba. Planura agreste, ventania a açoitar e ressecar moitas. À minha frente avisto a fazenda Cabaceiras, a senzala e a casa grande (que não é tão grande assim...). No alpendre, uma negra corpulenta embala um garotinho branco, irrequietos 4 anos. É a mucama Leopoldina ninando Secéu (assim lhe chamam os meninos da senzala e todos os familiares da casa grande, irmãos, pai e mãe). Secéu (que é o António Frederico de Castro Alves que eu demandava) escreverá mais tarde:


Era um sonho dantesco... o tombadilho


Que das luzernas avermelha o brilho.

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros... estalar de açoite...

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar...



Senhor Deus dos desgraçados!

Dizei-me vós, Senhor Deus!

Se é loucura... se é verdade

Tanto horror perante os céus?!

Ó mar, por que não apagas

Co'a esponja de tuas vagas

De teu manto este borrão?...

Astros! noites! tempestades!

Rolai das imensidades!

Varrei os mares, tufão!

Quem são estes desgraçados

Que não encontram em vós

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fúria do algoz?

Quem são? Se a estrela se cala,

Se a vaga à pressa resvala

Como um cúmplice fugaz, Perante a noite confusa...

Dize-o tu, severa Musa, Musa libérrima, audaz!...